Luís Marinho garantiu que nunca lhe foi "transmitido que houvesse algum problema ou pressão" do Governo sobre a DI ou "qualquer pressão ao DI pela administração", afirmou em declarações na comissão parlamentar para a Ética, Cidadania e Comunicação, onde foi ouvido sobre o caso da visualização pela PSP de imagens da estação pública da manifestação em frente ao Parlamento no passado dia 14 de novembro.."Contava-se com o Nuno Santos" para o trabalho de reforma da programação nos Canais 1 e 2 da RTP que estará no ar no início de janeiro, sublinhou Luís Marinho. .O diretor-geral de Conteúdos afirmou ter tido conhecimento do "assunto" da cedência pela RTP de imagens dos incidentes à PSP através de "uma sequência de sms [no dia dos incidentes], sempre com a promessa de que o diretor de Informação (DI) da RTP me ligaria, coisa que acabou por não acontecer"..O responsável indicou que foi informado de um "pedido oficial das imagens" ocorrido no dia seguinte aos acontecimentos, quinta-feira, dia 15, e acreditou que "o fornecimento das imagens emitidas à PSP tinha morto o assunto". ."Sinceramente, não me preocupei mais, até porque [depois] foi fim de semana, mas na segunda-feira o DI pediu para falar comigo e explicou-me o que estava a acontecer". .Apenas nessa conversa, disse Luís Marinho, terá o diretor-geral de Conteúdos sido informado de que a polícia tinha estado na RTP e que imagens não emitidas tinham sido visualizadas, e que nenhum dos dois diretores sabia quem tinha autorizado isso.."Não acho normal que o DI e o DI-adjunto não saibam, quatro ou cinco dias depois dos acontecimentos, quem autorizou, mas, no meio da conversa, deixou-se cair o nome de outra pessoa, o nome do subdiretor [aparentemente Luís Castro], com o argumento: 'eu nunca entregarei fulano' e mais não se disse", afirmou Marinho..O diretor-geral de Conteúdos disse que apenas na terça-feira, dia 20, foi tomando conhecimento de vários contornos do incidente, começou "a receber informações de elementos da própria DI que aquilo que tinha sido contado [por Nuno Santos e Vitor Gonçalves] não era totalmente verdade", e decidiu informar o presidente do conselho de administração da RTP, Alberto da Ponte, do problema..De acordo com Luís Marinho, a demissão de Nuno Santos na quarta-feira, dia 22 de novembro, começou a ser desenhada quando o ex-diretor de Informação se recusou a demitir o seu subdiretor, assumindo a responsabilidade sobre os acontecimentos. .Nesse dia, quando Luís Marinho voltou a conversar com Nuno Santos, seguindo uma orientação específica de Alberto da Ponte nesse sentido, ter-lhe-á sido dito, "já muito claramente" que "a responsabilidade era de um subdiretor", disse Marinho aos deputados.."E eu disse: se a responsabilidade é do subdiretor, a primeira coisa que deves fazer é demitir o teu subdiretor já. Porque, se há cadeia de comando, como é que possível isto acontecer?", revelou Marinho ter dito a Nuno Santos, ao que o ex-DI terá respondido: "Ah, mas isso eu não farei".."A partir deste momento Nuno, peço desculpa, a conversa tem que ser entre o diretor [de Informação] e a administração. Eu não pertenço à administração, portanto, todas as consequências que se queira retirar desse caso passam por uma conversa entre o DI e a administração", revelou Marinho.